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Quando adulto, a capacidade de compreender os momentos de luto se torna mais fácil do que quando somos mais jovens, justamente por termos uma abrangência maior em lidar com os sentimentos e pensar de forma mais racional.
Já no caso das crianças, que ainda estão em processo de desenvolvimento cerebral, esse entendimento se dá pelo apoio e suporte familiar, principalmente quando é a perda de alguém muito próximo, como pais ou avós.
No luto infantil, os pequenos perdem a segurança do mundo idealizado e vivenciado desde quando eles nasceram, ao guardar nas lembranças os momentos com aquele ente, seja em almoços de família, passeios ou a convivência na rotina. É preciso dar tempo para que eles possam compreender a falta, o que pode levar a perguntas ao longo do processo.
As crianças devem participar do velório e funeral?
Sim, elas devem estar presente justamente para conseguir assimilar a situação e entender aquilo como despedida, absorvendo o momento, assim como acontece com os adultos, mesmo que a capacidade de entendimento seja diferente.
Entretanto, é necessário tomar alguns cuidados para que a homenagem não cause traumas na infância. Algumas orientações são:
- Evitar que a criança chegue no início do velório;
- Evitar que a criança esteja próxima no momento em que o caixão será fechado;
- É importante que o responsável junto à criança tente tirar as possíveis dúvidas que ela tiver, seja antes de chegar no local ou durante o ritual do velório, respondendo de maneira simples e objetiva;
- Não forçar a criança a tomar atitudes que possam gerar desconforto, como se aproximar do caixão ou tocar no ente.
É necessário, e muito importante, respeitar o momento da criança, considerando que as pessoas adultas também estarão vulneráveis e poderão se exaltar nas lamentações. Isso pode gerar um impacto muito forte para quem ainda não entende os sentimentos de maneira tão ampla.
Em relação ao luto, a criança pode apresentar comportamentos relativos à idade, como:
- Até os dois anos, ela sente falta e pode apresentar choros intensos e agressividade, demonstrando o luto por meio dos comportamentos;
- Até os sete anos, ela também apresenta o luto pelo comportamento, mas a morte é mais lúdica, igual ao que ocorre em desenhos infantis, quando o personagem falece e volta a aparecer em seguida. Ela não entende a morte como algo irreversível e duradouro;
- A partir dos sete anos, ela já consegue compreender, e sentirá o pesar em relação à ausência daquele ente, lidando com a falta e sabendo que é algo contínuo, porém, pode apresentar comportamentos na rotina, como insônia, medo e descontrole urinário, ao fazer xixi na cama.
Por mais que não saibam dar nomes às emoções, os mais jovens sentem da mesma forma como os adultos. Por isso, o suporte da família é tão importante, para que eles consigam assimilar a situação, conforme a idade, aprendendo a lidar com a saudade ao decorrer do tempo.